Jack Van Antewerpen nos guiou em Degustação da Cervejaria Belga Bosteels
Texto e Fotos Rodrigo Ueno
A convite da Meara Importação e Distribuição participei em abril do encontro que trouxe ao Hotel Mercure em Campinas (SP) o executivo Jack Van Antewerpen, da consagrada cervejaria belga Bosteels, pela primeira vez no País. Ao lado do especialista em cervejas Waldemar Stocco, ele nos guiou em uma noite de degustação das cervejas DeuS, Tripel Karmeliet e Pauwel Kwak, ícones da cervejaria. Seguindo à risca a tradição belga, pela qual cada cerveja é servida no respectivo copo, foi ensinada a história e as curiosidades de cada um destes rótulos, harmonizando cada cerveja com diversos acompanhamentos.
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DEUS BRUT DES FLANDRES (11,5% ABV) – Ideal para comemorações, a DeuS Brut des Flandres é uma das mais famosas do estilo Bière Brut (também conhecido como Bière de Champagne). Inicialmente, é fabricada a cerveja-base na Bosteels, depois fermentada por um mês. Com uma produção restrita, de apenas 15 mil garrafas ao ano, em seguida é enviada à região francesa de Champagne, engarrafada e deixada num porão por nove meses, onde passa pelo processo de “remuage”, no qual as garrafas são inclinadas gradativamente com o pescoço para baixo e giradas diariamente até ter o fermento concentrado no gargalo e removido por meio de congelamento.
Ao abrir a garrafa, o estouro da rolha remete a uma celebração. Na taça, a cor é dourada clara, brilhante e com bolhas minúsculas. O aroma é extremamente complexo, com fragrâncias de maçãs frescas, hortelã, tomilho, gengibre, malte, pêras, lúpulo, pimenta-da-jamaica e cravo-da-índia. No paladar, suaves notas florais e frutadas com o álcool muito bem inserido e final seco. A harmonização começou com mozzarella de búfala, seguida de queijo de cabra.
TRIPEL KARMELIET (8,4% ABV) – Eleita a melhor cerveja do mundo em 2008 pelo World Beer Awards e com nota máxima no site Rate Beer, a receita da famosa Tripel Karmeliet é de 1679, com origem no Mosteiro Carmelita em Dendermonde. Na fabricação são três tipos de grãos – trigo, cevada e aveia – além do lúpulo esloveno Styrian, cascas de laranja e sementes de coentro.
Na imponente taça, a cor é dourada com um exuberante de espuma. No aroma, notas frutadas cítricas, especiarias e baunilha. O paladar é condizente com o aroma, com dulçor frutado, cítrico e picante. Uma cerveja que traz frescor enquanto gelada, mas que evidencia o álcool conforme ganha temperatura no copo. Harmonização: damasco seco e queijo brie com pasta de manjericão.
PAUWEL KWAK (8,4% ABV) – Também chamada simplesmente de Kwak, é conhecida pelo cobiçado copo que lembra tubo de laboratório preso num suporte de madeira chamado de Yard (jardas em português). A história da cerveja começa no século 18, quando viveu o mestre-cervejeiro Pauwel Kwak. Ele era bem conhecido na região de Dermonde e esta cerveja era muito apreciada pelos cocheiros da época, que eram proibidos de frequentar tabernas e nem de deixar as carroças devido a uma lei promulgada por Napoleão.
Pensando nisso, o cervejeiro inventou um copo em um formato que se encaixava no suporte das carruagens onde ficava o chicote e assim os cocheiros poderiam abastecer os copos na porta da cervejaria sem serem punidos. Na década de 80, inspirada nessa história, a Bosteels lançou essa Belgian Strong Ale com o copo em homenagem ao antigo mestre-cervejeiro.
No tradicional Yard, a Pauwel Kwak apresenta coloração âmbar, luminosa e com uma bela espuma densa. O aroma é frutado com notas de mel e caramelo. O paladar inicialmente é adocicado e frutado. Lembra banana caramelizada seguido de leve amargor onde o álcool aparece suavemente. Para fechar a noite, a harmonização foi com bolo de laranja com anis e sorvete de creme.
BROUWERIJ BOSTEELS – Situada na vila de Buggenhout, na província de Flandres Oriental, a cervejaria belga foi fundada em 1791 por Evarist Bosteels e já está na sétima geração da família. Atualmente são produzidos apenas estes três rótulos (Kwak, Tripel Karmeliet e DeuS), que são considerados ícones e estão entre as mais famosas cervejas belgas.