No evento Mesa ao Vivo de hoje, o chef executivo do Grande Hotel Águas de São Pedro (Senac), Jorge da Hora, apresentou sua versão brasileira do ceviche, um prato típico peruano. A demonstração faz parte do evento que integra o Semana Mesa SP, promovido pela revista Prazeres da Mesa e Senac.
Um prato simples, como mesmo disse, mas com conotação histórica, tanto para o Peru, quanto para o Brasil. Conta a Wikipedia, que a primeira versão do ceviche é data de 2000 A.C, entre o povo Mochica, do litoral norte do Peru, onde o peixe era marinado em suco de tumbo (similar ao marcujá). Os Incas também faziam algo similar usando chincha, bebida fermentada de milho. Aliás, o milho é um alimento muito usado na culinária peruana. Dois chef do Peru que passaram pelo Mesa Tendência (que também faz parte do evento, mas envolve palestras), usaram o milho em suas demonstrações. Mas diferente do Brasil, ele é crocante, de uma variedade maior. O limão, diz a história, só passou a ser usado no século XVI, quando chegaram os espanhóis e hoje ele é indispensável na receita.
A interpretação do chef Jorge da Hora foi interessantíssima e remeteu mais à ingredientes do norte do país. “Eu trago uma percepção de elementos brasileiros para o prato. O peixe foi divido em pirarucu e robalo”, explicou. Ele usou pimenta de cheiro, verdinha, sem ser ardida e muito comum em Goiás (lá eles colocam até na salada), jambu (deixa a língua dormente, rs), tapioca em grãos (hiper crocante), tucupi (líquido extraído da mandioca brava), limão galego, cebola roxa, aviu (camarão micro), pimentão verde, amarelo e vermelho, funcho (erva-doce), chicória, alfavaca e flor de sal de baunilha. “Eu não queria que o limão fosse o rei e mais a crocância da tapioca, acho que ficou original”, destacou.
Muito interessante o sabor dessa mistura em um ceviche, vamos combinar, brasileiríssimo. “O céu é o limite para quem tem criatividade e quer fazer diferente”, respondeu o chef a uma pergunta dos convidados sobre o que mais poderia ser adaptado a um ceviche brasileiro.
Sobre a receita, o chef alerta: “é quanto baste de tudo. Tem gente que não gosta de pimenta, outros querem mais limão. O importante é fazer à sua maneira”.