Comunidade ribeirinha de Minas Gerais aprende a fazer seu próprio forno solar com técnico piracicabano –
Imagine abrir a tampa de uma caixa de papelão, colocar dentro uma forma com massa de pão, e aguardar o sol, isso mesmo, esperar que a estrela central do Sistema Solar faça o cozimento do alimento. O recurso necessário é gratuito e basta poucos outros itens de baixo custo para começar a cozinhar. Foi com essa ideia que o técnico em Gestão Ambiental Nicolau Bussolotti Francine, de Piracicaba (Sp), foi convidado a levar suas oficinas de construção deste forno para a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Porto Cajueiro, no coração do cerrado mineiro.
A Reserva possui cerca de 10 mil hectares de cerrado e se tornou um refúgio para animais e para as nascentes do Rio Carinhanha, importante afluente do Rio São Francisco. É uma reserva particular, a maior do Estado de Minas Gerais, constituída em 2002 pela Usina Coruripe. A administração dessa reserva atua em sua preservação e por isso, também contribui com as comunidades do entorno, ajudando-os a obter renda sem prejudicar o meio ambiente.
Durante sete dias Nicolau ensinou 40 famílias a construírem o seu próprio forno, com caixa de papelão e papel-alumínio. “No começo eles ficaram desconfiados, mas depois que assamos um bolo, todos ficaram surpresos”. A intenção, contou o técnico, é reduzir a emissão de carbono no cerrado, pois lá é utilizado muito carvão. “Todos ficaram bem empolgados e esperamos que usem o forno no seu dia-adia”. Acesse o site da Pleno Sol Forno Solar.
Forno Solar –
O forno solar foi criado por Horace de Saussure, naturalista, geólogo e físico suíço, em 1767. O sistema é simples. Um fundo preto de uma caixa bem vedada absorve a luz solar que se converte em radiação infravermelha, que não sai mais da caixa por causa da tampa de vidro, criando um efeito estufa. “É basicamente uma armadilha de calor. A luz consegue passar pelo vidro e quando entra, vira calor e o calor não consegue mais sair”, explicou Nicolau. Seu primeiro contato com esse tipo de forno foi na adolescência. “Em 2009 construí meu primeiro forno e a partir daí passei a fabrica-los”, disse.
O forno pode ser feito de algumas maneiras diferentes, desde uma caixa de papelão com cola branca, até materiais mais resistentes como madeira e vedação com silicone.
A comida refrigerada, por exemplo, pode ser colocada no forno sem preocupação, pois antes do sol começar a cozinhar, a caixa mantém o alimento resfriado. Assim que o sol começa a incidir sobre o forno, o calor avança bem rápido, superando os 70 °C e eliminando o risco de intoxicação.
Cozinhando –
A máxima do cozimento solar é: “comece cedo e não se preocupe em queimar”! O cozimento é feito em um tempo superior ao forno convencional, no entanto, apresenta alguns benefícios que a maior parte dos fornos a gás não possuem. O calor dentro de um forno solar pode superar os 300 °C e o alimento apresenta algumas diferenças. “Esse forno é hermético, então o ar não circula lá dentro e por isso a atmosfera é quente e úmida, o que significa que ele cozinha a vapor, preservando os nutrientes dos alimentos”, contou Nicolau.
Além de assar, o forno cozinha a vapor, aquece, grelha e desidrata alimentos, como frutas, legumes e verduras. Em dias ensolarados, o cozimento de dois quilos de arroz, ovos, frutas, vegetais, peixes ou frango podem levar de uma a duas horas. Para porções de dois quilos de batatas, raízes, grãos como feijões, carnes e pães, o preparo dura entre três e quatro horas e para grandes cortes de carne de cinco a oito horas.
Os fornos que ele fabrica já foram enviados para todo o Brasil, principalmente para regiões onde a incidência de sol é maior, como o Nordeste. Um exemplar também está no
Chile, através de uma amiga que possui o aparelho. A fabricação é artesanal e o valor pode variar de R$ 450 a R$ 1500. Hoje em dia ele fabrica em média cinco fornos por mês. Em época de Slow Food, busca pelo orgânico, saudável e sustentável, o forno solar é uma boa ideia.
Contato: Pleno Sol Forno Solar – (19) 99797-7865